Quem conheceu o Mion da MTV, já sentia que tinha algo diferente naquele moleque magrinho que conseguia tirar uma onda sem ser agressivo. Um dos programas mais populares foi “os piores clipes do mundo”. Ele pausava os clipes, voltava alguns frames, colocava em câmera lenta e mostrava o que ninguém estava vendo. Por muito tempo era o “Mion dos piores clipes”.
Acontece que Mion já estava dando pistas de que estava em treinamento para um dia trabalhar no lugar que mais sonhava. Talvez nem ele soubesse disso. Ele chegou a trabalhar na Globo e saiu. Talvez por sentir que precisava rodar um pouco mais. Ele “conseguia ver o que ninguém enxergava”. (20 anos depois ele volta pra Globo!)
Um dia toquei meu celular. É a empresária do Mion, Adriana Pires (agência DNA), uma pessoa especial que estava por trás de muitas realizações do Mion. Aliás, ele sempre soube escolher quem colocar ao seu lado. Ela me diz:.
“O Mion precisa fazer uma apresentação para o pessoal da Record.”
Sim, ele estava pedindo ajuda com toda humildade, reconhecendo que essas apresentações corporativas não eram a sua praia. Eu cheguei a pensar “o Mion precisando de ajuda para apresentar? acho que é pegadinha!”
Quando o conheci para o briefing, deu “match” na hora. No jeito de pensar e enxergar a vida. Depois de um longo papo eu percebi que estava diante de alguém que era muito mais que um apresentador. Não dava para apresentar para a Record, simplesmente um apresentador, que foi o que eles pediram.
Fizemos a apresentação entitulada “Mion na sua Grade de Negócios” (com dois sentidos). Mion estava pronto para apresentar programas, já com muita experiência que acumulava da MTV. Mas seu foco era muito além. Ele queria criar e ajudar com ideias de negócio, gerir um time com seu entusiasmo e, principalmente, entregar entretenimento de primeira para sua audiência.
Ensaiamos. E lá estava ele preparado. O sucesso foi tão grande que virou uma palestra dele dentro da Record. Mas eu não estava feliz só fazendo isso com ele. Tive a ideia de usar o mesmo conceito dos “piores clipes do mundo” e abrir um evento (CONAREC) fazendo a “pior apresentação do mundo”.
Depois de uma atuação minha, cometendo a maioria dos erros que as pessoas cometem ao fazer apresentações, ele entra com seu taco de Baseball e o Mionzinho, que aliás, foi uma criação, convenhamos, um tanto quanto fora do comum.
De novo, ele teve a humildade de ir no meu escritório e ensaiar. Na hora H foi um show! A galera saiu de um estado de tédio com a “pior apresentação” feita por mim, para um estado de completa atenção e surpresa (já que ele não tinha sido anunciado).
Ficamos um tempo sem falar em função da vida que nos consumia.
Chegou uma hora que eu olhava pra ele na TV e pensava que o lugar dele não era lá. Tinha que estar na melhor. Na Globo. E não entendia porque isso não tinha acontecido.
Convidei o Mion para ser meu sócio no Master Talks, projeto que criamos do zero. E produzimos o legado
de Amyr Klink, Oscar Schmidt e Maestro João Carlos Martins, numa plataforma de “cursos ” online.
Me reaproximei dele. E percebi que ele tinha um desejo muito grande de estar em um único lugar. Desejo que seja agora atendido pela competência e trabalho duro.
Ele já era um dos artistas mais multifacetados que o Brasil conhecia. Pai de menina, Pai de menino, Pai do anjo Romeu, Marido dedicado, viciado em tênis, e em academia, ator, apresentador e extremamente original nas ideias.
E o universo estava ao seu lado. Mion já havia dado muitas pistas de que vale a pena sermos nós mesmos. Buscar nossa verdade. Assumir nossos gostos, e não ter vergonha de expressar as emoções.
Veio o convite. E o maior ponto de virada na vida dele.
“Marcos Mion vai ser apresentador da Globo e do Multishow.”
A partir daí vimos um cara, como a gente, botando pra fora a criança que sempre esteve presente na vida dele. Mostrou que é possível ser muito feliz no trabalho desde que sejamos gratos e entregues plenamente para aquela atividade. Usou o crachá como símbolo. Que até então era algo associado ao lado chato do mundo corporativo.
- Mostrou que a persistência vale a pena.
- Contaminou a todos da Globo, que já estavam lá há anos, trazendo uma nova vibe.
- Conseguiu influenciar uma cultura já estabelecida.
- E mostrou o poder que uma pessoa tem quando se joga para a vida, sem medo do que pode acontecer.
- Defendendo seus valores e crenças com toda a convicção e sem nunca dizer que “é o certo”, sempre respeitando outras opiniões.
Antes mesmo de estrear, ele já estava ensinando.
- Ensinando sobre ser autêntico,
- sobre acreditar nos sonhos,
- sobre ser criança,
- sobre aproveitar cada momento como se não houvesse outro,
- sobre coragem de assumir tudo isso em público,
- e abrir ainda mais a sua vida, sem máscaras, apenas a da Covid.
Muitos podem pensar, “mas ele se expõe demais”. Lembro aqui que “com grandes poderes vem grandes responsabilidades.” Ele foi ganhando esse poder de influenciar muita gente. Não dava pra se esconder no momento mais importante da sua vida (profissionalmente falando). Não pensem que é fácil pra ele ter que corresponder a todas as expectativas que aumentam a cada dia.
Eu assisto de camarote. Me sinto privilegiado de fazer parte da vida deste gigante que ainda vai derramar muitas lágrimas (dele e de milhões de brasileiros). E sim, ele é um baita de um chorão. E assume isso. Aliás, sempre achei que chorar estaria na moda. Agora, não segure seu choro com vergonha de mostrar fraqueza. Ao contrário, mostra que você é forte para assumir suas emoções. Pra que esconder sentimentos puros como a plenitude da felicidade e da alegria?
O passado? Continua vivo. Esse é seu LEGADO. E é isso que é bonito nessa trajetória. Por onde passou deixou um pedacinho do seu legado. E talvez, nada disso seria possível se não fosse o anjo Romeo! Vamos aprender com essa história e cuidarmos de nosso Legado, pois ele é a única marca que fica quando “as luzes se apagam”.
Voa Mion!
Joni Galvão
Fundador & CEO da THE PLOT
Co-fundador do Master Talks